sábado, 21 de fevereiro de 2009

IDEAL

Ela era branca, pouco corada, detalhe imperceptível, contudo, posto qu’ era noite; andava de forma calma e refletia a luz qu’ a noite não possuía. Mas, em deslumbramentos, comecemos – por sobre sua fronte espalhava-se um véu castanho claro, sob o disfarce de cabelo, levemente escurecido pelo ambiente noctívago, não pouco umedecido pela atmosfera da madrugada.
Envergava vestes carnalmente divinas, posto que, ao invés de despertar volúpia, emanava um senso quase celeste e, pasme, eterno. Cobria-lhe o dorso cândido uma bata ajustada ao corpo virginal, bata alva de igual modo e de babados que perpassavam as extremidades das mangas e de sua gola; acima de seu colo, envolvendo-lhe o pescoço, uma tênue tira de couro enegrecido fora atada num delicado laço oculto pelo cabelo, que o cobria.
De súbito, tivemos a impressão (ora tivemos a certeza!) de que o paraíso perdera duas ninfas, uma vez que, de chofre, nossos sedentos olhos se brindaram com uma nova varoa de aparência assaz divina quanto a da primeira.

(este é dedicado àquelas capazes de trazer certo sentido à vida de poetas apaixonados)

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