quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Saqueador de Almas

Ele dormia envolto em nobres vestes com ricas jóias,
Um vampiro faminto saqueador de almas corruptas,
Suas habilidades e poderes são tão intensos quanto sua fome,
Possuía um desejo pervertido e insaciável por sangue.

O Poder consumia sua sanidade ao correr por suas veias,
Sua energia exalava terror pelas noites nebulosas de caça,
O usurpador saía faminto de seu túmulo à noite,
Sua luxúria era saciada em caçadas por carne e sangue.

Há muitos séculos perdera seus traços de humanidade,
Seu Ka fora amaldiçoado, não chegaria ao Amenti,
Ganhou uma existência amaldiçoada pelos deuses,
Agora o Egito adquiriu um novo demônio sanguinolento.

Passou suas garras e presas nos corpos de suas vítimas,
Dilacerou carnes e ossos por fome e prazer,
Corpos em espasmos foram consumidos pelo monstro,
Gritos e violência contagiavam ambientes invadidos.

Sobraram paredes e um assoalho manchado após sua visita.
Correu para banhar-se, ainda com mãos e lábios vermelhos.
Gargalhou de si mesmo vendo seu reflexo turvo,
Olhou seu próprio rosto pálido e brilhoso no espelho.

Na banheira cochilou como se fosse seu valioso sepulcro.
Sua ira e gula fizeram-no chorar parcas lágrimas inconsistentes.
Sua noite estava acabando, tinha de fugir do sol,
Vestiu outras roupas e retornou voando como névoa.

Sangue corrupto era o seu alvo, o Néctar do Justiceiro,
Era o Saqueador de Almas, um semideus sugador de sangue.
Seus leais servos enalteciam de seu egocentrismo divino,
Somente espíritos nobres salvavam-se de sua fome agressiva.

Novas noites sangrentas ainda alimentariam o insano usurpador infeliz.


- Mensageiro Obscuro.
Junho/2007.


-- Glossário --

Amenti = Habitação dos mortos, a segunda etapa da Viagem, morada de Osíris onde são julgados os mortos.

Ka = Estranha dualidade do morto: Alma e Guardião, Corpo Vital e Gênio Protetor.

Néctar = Alimento dos deuses. Dava imortalidade aos que o comiam e tornava-os eternamente jovens e radiosos.

Segunda Morte = Para os egípcios a morte material pouco importava, para eles era bem pior ser um espírito perverso a receber altas punições na sua pós-vida no Além, então a Segunda Morte sem dúvida era a pior punição acima de maldições divinas.


Foto: Boris Karloff como Imhotep no filme "A Múmia" (1932).

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O vazio

(Thiago grijó silva)


A fúria desperta

Minha alma deserta

Um coração sem guia


A dor me acompanha

Um coração sem dono

Sofre sem alegria


A fúria começa

Quando a alma desperta

Pra vida


A fúria termina

Quando a alma adormece

Sem vida

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Aqui ninguém comenta nada!


Aqui ninguém comenta nada! Não podemos ser tão solitários assim...todos escrevendo dentro de suas bolhas...tão solitários quanto. Tive a iniciativa de escrever esse texto. Pode não ter sido a grande ideia. Mas queria inquietá-los e fazer com que saiam de suas bolhas e se apresentem. Ahãm...deixa eu começar...me chamo Andréa de Azevedo. Escritora amadora do blog Desengavetados, blog que ultimamente tem perdido sua popularidade...rs Sabe, isso não me incomoda e nem fico triste. Até porque sei que meu objetivo nunca foi ser: a poetinha famosa de São Gonçalo.
Me incomoda muito mais quando escrevo solitariamente sem travar diálogo com outrem. Sei que sou um ser anônimo que se esconde muita das vezes aqui, entre uma letra e outra desses escritos digitais. Poetas, eu sei muito bem amordaçar a minha boca e conviver no mundo dentro do regime, dentro do que as pessoas impõem. To dizendo que sei engolir meus sapinhos direitinho. E mesmo que eles tenham sido engolidos com classe, ainda pulam na minha barriga porque os engoli inteiros. Assim é o mundo: injusto, febril, cercado de egoísmo e egocêntricos...
Do contrário, aqui é espaço de liberdade! Usamos a nossa arte para nos libertar e manter diálogos!Apesar do meu hermetismo, da minha blague, da minha autocrítica, sei conviver...
Bem, não sei se me faço compreender ...o que pretendo é falar com os (as) senhores (as) e não com os leitores. Pra minha surpresa, não vejo leitores aqui comentando...e pra quem escrevo? Escrevo pra mim assim tão egoísta? Ou escrevo para os (as) senhores (as) poetas? Poetas! Vamos manter então nossos diálogos, comentar os versos dos outros ou preferem ficar em suas bolhas???
Me incomoda profundamente ter esse espaço aqui e não ver que fizemos algum laço e que perpassamos a ponte e não estabelecemos ligações...Não posso ser a única a pensar assim!
Amistosamente venho aqui interpelar os (as) senhores (as) poetas! Assim que forem postar os seus textos acenem, digam algo!? Não se fechem em suas escritas!
Gostaria de uma resposta. Será que há nesse blog alguma objeção? Desafio o primeiro a se apresentar e travar um diálogo comigo, queria tanto conhecê-los e isso não se trata de um apelo mas sim de uma necessidade de uma poeta que carece ser acolhida aqui. Não permitam que eu engula mas um sapinho e esse fique a pular na minha barriga por falta de compreensão.
Vamos, apresentem-se ! Vamos unir nossas literaturas, nossas ideias...não deixem as ideias boiarem e não as tomem somente para si. Saiam de suas bolhas e conquistem!
Andréa de Azevedo.


terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Fuga de Destino

(Mailson Furtado)

http://mailsonfurtado.blogspot.com

Meu destino fugiu de mim

procurando uma estrela.

Foi buscar talvez assim

outro cara que lhe mereça.


Meus herois já não existem

e agora chove lá fora.


Meu destino fugiu de mim

se mudou p'routro planeta.

Foi procurar talvez assim

uma pessoa que eu nem conheço.


De olhos fechados

a porta entre-aberta

Teus suspiros me deixam inquietos.

Eu te escuto

em meu silencio mudo

Passeando em minha mente, meu mundo.


14 de setembro de 2009

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Amanhã? Ou será hoje?



Ao vento farei continência
quando não mais poderá responder
e por consequência
quem sabe por nossa demência
não haja mais razão
ou qualquer conexão
que nos faça tecer ordem
que nos faça tecer progresso.

Tendências serão massacradas
a tendência é ser massacrado
nossa moda: vestir trapos
mas só pra quem puder usar
pois até na fossa ou no bueiro
ainda terá gente em farrapos
querendo ser melhor que você
zombando do próprio cheiro.

Trocaremos dedos por sacas de arroz
e filhos por fatias de pão
poderemos cair, agonizar e morrer
mas ninguém estenderá a mão
pois terá medo que você a arranque
pois terá medo que você a jante
ou até mesmo faça um bibelô
um troféu a mais, uma morte na estante.

Quando ao vento tentarmos responder
não mais haverá quem o acorde
pois o medo da falta
e o almejo do excesso
fez-se sufocar o próprio peito
pouco a pouco falecer
e quando algum ser quiser novamente ser
não haverá mas jeito.

Lisa Stér Cöy.

www.lisastercoy.com
www.muquifodeletras.blogspot.com